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28 de setembro de 2013

O mundo e a bola: Irlanda X Inglaterra

A torcida inglesa em 15 de fevereiro de 1995

O futebol está diretamente ligado à história mundial e a intensidade com que as partidas são disputadas e comemoradas são, na maioria das vezes, reflexos de antigos antagonismos.

O sempre intenso confronto entre Inglaterra e Irlanda, que não acontecia desde 1995, traduz bem as brigas territoriais e o sentimento de patriotismo. As duas nações brigam pelo domínio da Irlanda do Norte, de maioria protestante (a favor da manutenção do país no Reino Unido), mas com uma considerável quantidade de católicos (defensores da união com a República da Irlanda).

Essa briga na decisão pelo futuro da Ulster (Irlanda do Norte) resultou em milhares de mortes devido a ataques terroristas do IRA - Exército Republicano Irlandês - e do marcante Domingo Sangrento de 1974, quando policiais ingleses interromperam à tiros uma manifestação pacífica de católicos na Irlanda do Norte.

Esse sentimento de aversão ao outro foi levado para dentro de campo em 15 de fevereiro 1995, em um confronto justamente entre as duas nações, na cidade de Dublin (capital da República da Irlanda, a Eire). No momento em que as caixas de som começaram a tocar o famoso hino inglês, God Save The Queens, vaias por parte dos irlandeses ecoaram por todo o estádio e foram respondidas com gritos neonazistas contra a revolução proposta pelo IRA.
Os capitães, Ashley Cole e Robbie Keane, se
cumprimentando em 2013.

A briga prevista no momento dos hinos se iniciou quando depois de David Kelly abrir o placar para os donos da casa, o juiz anulou um gol inglês. Com isso, os devotos da rainha depredaram o estádio e devido a uma falta de organização do amistoso (que não teve nada de amistoso) tiveram acesso à torcida rival. Mesmo com a intervenção da polícia 20 pessoas foram feridas naquele dia e o jogo teve que ser cancelado.

18 anos depois do acontecido no estádio Lansdowne Road, em Dublin, as duas seleções voltaram a se enfrentar, desta vez no Wembley (Inglaterra) e por mais que a Inglaterra fosse superior, o jogo terminou empatado em 1 a 1 com gols de Lampard e Shane Long. Irlandeses deram o sangue naquele jogo e o placar, de certa forma, agradou a todos.

Não sei reconhecer os culpados e as vítimas daquele dia de 1995, simplesmente por não viver na pele o conflito pela situação da Ulster com o Reino Unido. Entretanto, tenho total convicção que a absurda violência daquele dia não casa bem com o futebol.


Por mais interessante que esse episódio possa parecer, uma vez que traduz momentos da geopolítica dentro dos gramados, foi mais um triste capítulo da história do futebol mundial.

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