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17 de setembro de 2014

A paradoxal inovação padronizada da Nike



Surpreendi-me ao ver as novas terceiras camisas dos clubes europeus. O que era para ser uniformes de uso eventual serão obras a parte, devido a sua cor e extravagância. Tais uniformes não representam mais a terceira opção, a escassez de opções, a obsolescência; hoje, são a inovação.

É interessante ver como o futebol se alterou de oito anos (do fatídico 2006 em que comecei a gostar de ver a bola rolar nos gramados) para cá. Futebol era chuteira branca ou preta, camisa (depois da louca fase da década de 90) voltava a ser o básico. Hoje, a sensação de velocidade, efemeridade e constante renovação passadas pelo futurismo no início do século XX voltam à cena: são camisas e chuteiras coloridas para todos os lados (não acho ruim, gosto da mudança).

Confundi-me, contudo, ao ver as “novas” camisas da Nike. Os inovadores e especiais terceiros uniformes não tem nada relacionado a esses adjetivos. A revolução ficou para as cores, já que os modelos (ou templates como se diz nessa área) são absurdamente cópias idênticas. Atitude aceitável de se ver em clubes de menor expressão, que pouco geram dinheiro para a fornecedora, mas ver o uso de uma base igual em Manchester City, Barcelona, Juventus, Internazionale, Paris Saint-Germain e Manchester United é o cúmulo do absurdo.



Andy Wharol parece ter entrado em cena mortificando pela repetição a arte. A estandardização anula os “florilégios poéticos” (Benjamin Buchloh ao falar do artista).

Trabalhando deste modo, os designers, ofendem a classe e mostram-se improdutivos. No Brasil, com menor receita e disponibilidade de recursos cria-se mais (o que dizer das fantásticas colaborações Penalty-Cavalera?). Em síntese, a Nike resumiu toda a potencialidade de inventar (ou inovar, para seguir a conformidade da ideia) em um padrão. A rivalidade e a história entraram na linha de produção, na paradoxalidade de inovar padronizando.

*É bom destacar que não afirmo ou nego a beleza das camisas (vide a indicação da third do Manchester United à camisa mais bonita da temporada), mas aponto a falta de originalidade nos uniformes.
 
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